Curso de férias: Poetas de quem nada sabemos, com Dirceu Villa

A quantidade de poetas excelentes sobre quem nada sabemos é mais do que considerável: é escandalosa. Pensando em reduzir nosso descaso com essa gente ilustre vamos, em três encontros de férias, abordar apenas quatro poetas de nacionalidades, línguas e tempos diversos, para um mergulho inicial em suas obras e na qualidade específica da poesia que produziram, discutindo os diversos motivos de ofuscamento desse(a)s poetas na consciência coletiva.

Veremos, no primeiro encontro, Gomes Leal, um português singularíssimo do século XIX, de quem gostava ninguém mais, ninguém menos, do que Fernando Pessoa; no segundo encontro nos dedicaremos à poeta e cabaretista Emmy Hennings, que criou, com Hugo Ball, o Cabaret Voltaire, em 1916, em Zurique, dando assim uma casa para o elusivo movimento dadaísta; por fim, no terceiro encontro, chegaremos a um italiano mui importante e terrivelmente comunista, Edoardo Sanguineti, membro da vanguarda do Grupo 63, que revolucionou a cultura europeia na segunda metade do século XX (participavam do grupo também o semiólogo Umberto Eco e o músico Luciano Berio), e a brasileira Jacinta Passos, autora de poemas ousados, sagazes e inovadores que ficaram, injustamente, esquecidos na nossa tradição da pouca memória – o que vamos reparar neste curso.

O curso não exige nenhum conhecimento prévio e se destina a quem deseje conhecer mais da grande poesia mundial ainda pouco ou nada conhecida. Todos os poemas em língua estrangeira serão apresentados em traduções para o português, e todos serão comentados coletivamente pelo grupo com a orientação de Dirceu Villa.

>>Vai viajar? A oficina será gravada e você poderá assistir quantas vezes quiser às gravações das aulas.

Dirceu Villa (1975, São Paulo) é poeta, tradutor e ensaísta, autor de 7 livros de poesia: MCMXCVIII (1998), Descort (2003, prêmio Nascente), Icterofagia (2008, ProAC), Transformador (antologia, 2014), speechless tribes: três séries de poemas incompreensíveis (plaquete, 2018), couraça (2020) e ciência nova (2022). Traduziu Um anarquista e outros contos, de Joseph Conrad (2009), Lustra, de Ezra Pound (2011), Famosa na sua cabeça, de Mairéad Byrne (2015), “O chamado de Cthulhu”, de H. P. Lovecraft (2020) e “O Anjo Heurtebise”, de Jean Cocteau (inédito). Tem doutorado sobre o Renascimento italiano e inglês na USP (2012), com estágio em Londres, e pós-doutorado em Literatura Brasileira (2015), pesquisando a revisão do cânone brasileiro e português. Foi convidado para os festivais de poesia de Berlim, na Alemanha (2012), Granada, na Nicarágua (2018) e Siena, na Itália (2019), além de ter realizado, pelo British Council e a FLIP, uma residência de tradução em Norwich e Londres (2015). Sua poesia já foi traduzida para o espanhol, o inglês, o italiano, o francês e o alemão, publicada em antologias ou revistas especializadas. Foi professor da UNIFESP, é há 9 anos professor da Oficina de Tradução de Poesia da Casa Guilherme de Almeida, Centro de Estudos de Tradução Literária, há três, professor do CLIPE (Curso Livre de Preparação de Escritores) da Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, e, também há três anos, leciona escrita de poesia n'A Capivara Cultural.