Lição de economia: a escrita do conto, com Sidney Rocha

O conto é a arte da brevidade e da intensidade. Teoria, técnica e estética do conto é toda a matéria que importa numa série de explanações e interações. Ao término da última aula e dos exercícios, ainda que você não se transforme em um novo Checov, certamente terá aprendido um pouco de economia literária nessa oficina.

Cada um dos quatro encontros-aulas será como um passeio no pequeno bosque dos contos – em analogia aos seis passeios no bosque da ficção, propostos por Umberto Eco.

Dentre os principais autores abordados, alguns mestres e mestras no gênero do conto: Checov, Kafka, Borges, Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Hilda Hilst, Machado de Assis etc. As aulas serão expositivas e interativas, com debates e exercícios, para você soltar a  mão e pôr em prática a escrita.

O que você tem a ganhar nessa oficina? Um bilhete de ida-e-volta pelas histórias contadas e por contar. O que você tem a perder? Os grilhões que prendem a sua imaginação.

Programação:

Aula 1

O QUE É, O QUE É: O CLARO ENIGMA DO CONTO

Desde quando se contam contos? Definições e características do conto e breve panorama histórico do gênero: Das Mil e uma noites ao Destino das metáforas. Os contos orais e escritos, os de antes e os de agora. O que significam trama, enredo e desenlace? O que faz de um autor um contista competente? Tamanho é documento? Existe uma ex/tensão ideal para o conto? Conto longo ou novela curta? O que realmente conta na hora de escrever um conto. Exemplos: Anton Checov, Edgar Allan Poe, Guy de Maupassant, Clarice Lispector.

Aula 2

QUEM CONTA UM PONTO AUMENTA UM CONTO

Estrutura básica de uma história curta, tão boa que se curta de verdade. Escolher o assunto, tecer a tela, definir o fio da meada, espichar a corda, o nó bem-feito, malfeito e desfeito. Como criar situações insuportáveis usando poucas páginas. A arte de criar tensões, inquietações e interrogações. Exemplos: O. Henry, Isaac Babel, Alice Munro, Conceição Evaristo e Franz Kafka.

Aula 3

DA BOCA PRA FORA E POR TRÁS DA CENA

“Se ao menos eu por fora fosse tão interessante como sou por dentro!” A afirmação de Fernando Pessoa serve de ponto de partida para a terceira aula, que consistirá em mostrar como a construção de personagens, sua psicologia, seu caráter revela uma dinâmica interna e externa: pensamentos, ações e consequências dando sentido às intenções, tensões e resultados. Personagem, cena, ação: com estes elementos básicos mutuamente relacionados escrevem todas as histórias. Exemplos: James Joyce, Scott Fitzgerald, Hilda Hilst, Machado de Assis.

Aula 4

MIL E UMA MANEIRAS DE CONTAR

A partir de antigas e novas antologias de contos, como Mar de histórias, Maravilhas do conto russo pode-se pôr em questão se existem regras ou características de um bom conto. O assunto, o modo de contar... o que faz com que uma história seja inesquecível? A partir de questões assim pode-se esboçar uma espécie de “estado da arte” do conto: quais as novas tendências do conto? O conto ultracurto: há como distingui-lo da piada? Pode-se escrever um conto apenas com diálogos? Qual a importância da atmosfera na composição de um conto? Exemplos: Jorge Luis Borges, Guimarães Rosa, Italo Calvino, Lygia Fagundes Telles.

Público alvo: destinado aos leitores e leitoras ávidos, escritores e escritoras potenciais; além de estudantes, professores, interessados em literatura e curiosos em geral. Não há pré-requisitos.

Sidney Rocha é contista, romancista e editor. Escritor premiado, recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura e o Prêmio Guerra Junqueiro de Lusofonia, dentro outros. Autor da trilogia de contos Matruiska, (2009), O destino das metáforas (Prêmio Jabuti, 2011) e Guerra de ninguém (2015). Também escreveu os romances Sofia (Prêmio Osman Lins, 2014) e a trilogia “Cromane”: Fernanflor (2015), A estética da indiferença (2018) e Flashes (2020). Em 2023, lançou As aventuras de Ícaro. Ainda neste ano, lança novo romance: O inferno das repetições. Seus livros são publicados pela editora Iluminuras.