Amelia Rosselli (1930-1996), poeta, prosadora e tradutora ítalo-inglesa, emerge como uma das mais distintas vozes da poesia italiana no século XX. Seu nascimento, em Paris, ocorreu durante o exílio de seus pais Carlo Rosselli e Marion Cave, notáveis antifascistas.
A infância e juventude de Rosselli foram marcadas por um mosaico de línguas - italiano, inglês e francês - resultantes de seus constantes deslocamentos entre Suíça, Estados Unidos e Inglaterra.
Amelia fixou residência em Florença e, posteriormente, em Roma, onde dedicou-se à tradução e estudos literários. Publicou seus primeiros textos em três idiomas, escolhendo mais tarde o italiano como veículo principal de expressão. Rosselli também se destacou como tradutora, vertendo para o italiano obras de Emily Dickinson e Sylvia Plath.
Os poemas que trazemos hoje, em tradução de Valentina Cantori, pertencem ao livro "Variazioni belliche" (Variações Bélicas, 1964). As traduções foram publicadas originalmente na Revista Escamandro: escamandro.wordpress.com
Porque espero jamais voltar para a cidade das belezas
eis-me de volta a mim mesma. Porque espero jamais reencontrar
a mim mesma, eis-me de volta entre os muros. Muros pesados
que ignoram e encerram o prisioneiro.
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Para que deus (eu) me perdoasse era necessário
que eu comesse. No mundo psicológico das minhas
ideias, caía a última estrela. No mundo psicológico
das minhas ideias, era inata a ideia de deus. No mundo
psicológico da minha infância, caía o último
deus. No mundo inglês da minha infância, caía
a mônada. A mônada perscrutava ricamente
o mundo.
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ó meu fôlego que corres pelas beiras
onde o infinito mar conjuga braço de terra
a côncava marinha, olha a triste península
anelar: olha o coração que oscila
fazer-se tufo, e as pedras despontadas
findarem-se
no fluxo.
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