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Bate-papo com Matheus Guménin Barreto - Tradução&poesia





Fechando o ciclo dos trabalhos curatoriais de Matheus Guménin Barreto, um bate-papo com nosso curador, que abrilhantou nosso blog nos últimos meses com traduções e indicações preciosas.


Você pode conferir todo esse acervo gratuitamente aqui no nosso site:






Qual o desafio mais recorrente da tradução?



Acho muito importante não separar (na leitura, na escrita, na interpretação, na tradução) o modo como algo foi dito e a coisa que foi dita. Modo de dizer e coisa dita são, na literatura, um elemento só. Realmente acredito nisso. Eles não são nem mesmo ‘lados da mesma moeda’, são a própria moeda. As infinitas brigas entre pessoas que defendem ‘forma’ ou então ‘conteúdo’, ‘estrutura’ ou ‘conteúdo’ etc. no trabalho literário (e tradutório) perdem sentido quando começamos a pensar no texto como ‘forma-e-conteúdo’, como ‘estrutura-e-conteúdo’ – ou seja, como texto no qual modo de dizer e coisa dita são indissociáveis.
Então não ceder à tentação de separar esse elemento é, na minha opinião, o desafio mais recorrente.



Qual poema (ou poeta) achou mais desafiador traduzir até hoje?



Os/as poetas que têm uma linguagem mais parecida com a linguagem cotidiana (poetas aparentemente ‘mais simples’) são mais desafiadores.
Traduzir poetas tidos como ‘complicados’ é, ironicamente, sempre mais fácil, porque nesses processos tradutórios temos à nossa disposição basicamente todas as possibilidades da língua – a ‘margem de manobra’ é maior, digamos. Por outro lado, os/as poetas tidos como simples exigem que trabalhemos com um material muito reduzido (só com aquela parte da linguagem que também pareça ‘simples’ na nossa língua) e muito volátil (palavras cotidianas mudam muito com os anos, com os meses).



Qual poeta ainda sonha traduzir?



Quero muito retomar meus estudos de mandarim e traduzir (algum dia) poesia chinesa.
Tomara!



Ficou faltando indicar alguém?



Não tem como não faltar! Felizmente temos muitos/as tradutores/as incríveis no Brasil (e não só no alemão, em diversas línguas). Indicar só alguns colegas seria um problema, então acho melhor ‘fazer a linha Clarice Lispector’ (naquela entrevista famosa de 1977, acho) e não dar nomes, risos.






#tradução&poesia










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