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Esmeralda Ribeiro e Cadernos Negros, por Carmen Faustino PRETAPALAVRA


Mulheres Negras sempre estiveram presentes nas organizações e iniciativas sociais, assumindo um papel fundamental na denúncia e articulação política, como também na difusão e celebração da arte e da cultura negra. No ano de 1978, o país vivia uma ditadura militar e nesse contexto é inaugurado por homens e mulheres negras o MNU- Movimento Negro Unificado, uma organização nacional de denúncia e luta contra o racismo, com forte atuação até os dias de hoje.


Em 1978, ano em que nasci para este mundo, também nascia no dia 19 de novembro a primeira publicação da coleção Cadernos Negros, idealizada por jovens negros e negras de São Paulo, que produziam literatura e contestavam os apagamentos e representações distorcidas sobre as pessoas negras nas mídias, literatura e áreas de conhecimento. Dois anos depois é fundado o coletivo Quilombhoje, com o efetivo compromisso em manter a antologia anualmente circulando pelo país e descobrindo novos nomes na literatura negra.


Edição nº 1 de Cadernos Negros, 1978.



A escritora, poeta e jornalista Esmeralda Ribeiro integra desde 1982 a organização de Cadernos Negros, reafirmando a atuação e presença de poetas e escritoras mulheres no campo da produção literária. Autora de Malungos e Milongas (1988), Esmeralda Ribeiro atua na seleção, organização e edição da coletânea, que intercala anualmente entre contos e poesia e se tornou a mais importante obra literária negra do país. Sua trajetória é tema de inúmeras pesquisas e artigos acadêmicos no país e exterior, sendo recomendada como referência na Lei 10.369/2003 de ensino de história da África e cultura afro-brasileira.


Esmeralda Ribeiro. Imagem de internet.



Há um apagamento histórico das poetas e escritoras negras na literatura brasileira e Cadernos Negros foi o precursor de nomes como Sônia Fátima, Lia Vieira, Conceição Evaristo, Miriam Alves e Geni Guimarães, poetas e escritoras que publicam desde as primeiras edições. Uma publicação independente e extremamente comprometida, que publica há 44 anos sem interrupções, valorizando quem veio antes e oferecendo espaço e visibilidade às novas gerações de poetas e escritores.


Edição nº 43 de Cadernos Negros, 2022.



Quem ainda não conhece, procure saber!


Leia Cadernos Negros!







PRETAPALAVRA é uma série de cursos, oficinas, aulas abertas e produção de conteúdo digital, que visa a apresentar textos, poemas e pensamentos de mulheres negras, divulgando a "escrevivência" em seu sentido mais ancestral.






Carmen Faustino é periférica da zona sul de São Paulo morando em Salvador. Poeta, escritora, educadora, pesquisadora e mobilizadora da cultura negra e periférica. Mestranda em estudos sobre mulheres, gênero e feminismo pela UFBA. Autora de "Estado de Libido ou poesias de prazer e cura" (2020). Publica em antologias e revistas desde 2012 e desenvolve projetos de fortalecimento da escrita e literatura de mulheres negras. Assina a co-organização de diversas antologias negras entre elas, "Ser Prazeres - Transbordações eróticas de Mulheres Negras" (2021), "Pilar Futuro Presente - Uma antologia para Tula" (2019), "Sambas Escritos" (2018) e "Pretextos de Mulheres Negras" (2013). É idealizadora e co-fundadora do coletivo Baobá Fortificando as Raízes, integra os coletivos Samba Sampa e Núcleo Mulheres Negras – O amor cura, de vivências e cuidado coletivo entre mulheres negras.












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