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Heinrich Heine, por Claudia Abeling - tradução & poesia


Heinrich Heine (1797—1856) abordou o tráfico negreiro 14 anos antes de Castro Alves. E Machado de Assis, em Memorial de Aires (1908), citou o poeta alemão: “[...] Ainda bem que acabamos com isto. Era tempo. Embora queimemos todas as leis, decretos e aviso, não poderemos acabar com os atos particulares, escrituras e inventários, nem apagar a instituição da história, ou até da poesia. A poesia falará dela, particularmente naqueles versos de Heine, em que o nosso nome está perpétuo. Neles conta o capitão do navio negreiro haver deixado 300 negros no Rio de Janeiro, onde ‘a casa Gonçalves Pereira’ lhe pagou cem ducados por peça”.


Certamente foi por tradução (francesa?) que Machado e Castro Alves leram Heinrich Heine. Abaixo, temos trechos de duas traduções contemporâneas desse poema, uma por André Vallias* e outra por Priscila Figueiredo em colaboração com Luiz Repa.** As escolhas e estratégias de tradução são bem diferentes uma da outra. E, ao voltarmos ao poema de Castro Alves, é oportuno repetir a reflexão de Priscila Figueiredo:


“No caso específico do cativeiro de africanos, podemos perguntar ainda por que ele demorou tanto tempo a ser tratado literariamente entre nós e por que, quando isso ocorreu, como no caso de Castro Alves, o modo de o tratar veio a ser tão distinto do adotado por um Heine. Nesse modo está cifrada decerto muita coisa da história brasileira, da relação de nossos intelectuais com o país e com a escravidão e também com a literatura”.













Heinrich Heine por Moritz Daniel Oppenheim, 1831.



* Heine, Heinrich. heine hein? poeta dos contrários. Introd. e traduções de André Valias. São Paulo: Perspectiva/Goethe-Institut, 2011.


** Alves, Castro e Heine, Heinrich. Navios Negreiros. Henrich Heine e Castro Alves. Org. de Priscila Figueiredo. Tradução de Priscila Figueiredo e Luiz Repa. São Paulo: Comboio de Corda, 2009.








#tradução&poesia - Curadoria de Claudia Abeling




Claudia Abeling é paulistana; se lhe perguntam da profissão, diz que “trabalha com livros” – quer dizer: lê, escreve, revisa, traduz, edita. As atividades mudam a cada vez, mas o objeto é sempre o mesmo. Formalmente, cursou Editoração na ECA/USP e trabalhou em diversas editoras. No momento, a tradução do alemão é preponderante. Em 2019, com p:l:a:n:g:e:p:l:a:n:g:e (SP: Quelônio), pela primeira vez seu nome saiu da página de créditos e foi parar numa capa.











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