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Os charmes graves de Valentine Penrose #poesiaqueer por Ana Cláudia Romano Ribeiro


Valentine Penronse por Rogi André



Valentine Penrose (1898-1978), autora bilíngue cujo nome de batismo é Valentine Bouée, nasceu na França e morreu na Inglaterra. Prosadora, poeta e colagista, ela talvez seja mais conhecida pelo romance Erzsébet Báthory, a condessa sangrenta. Valentine Penrose fez parte do grupo surrealista, com Max Ernst, Wolfgang Paalen (que foi casado com Alice Rahon), Man Ray e Rogi André (fotógrafa e artista plástica de origem húngara, nascida Rozsa Klein), e foi retratada por Roland Penrose (com quem ela foi casada até dele separar-se para viver em um ashram com a artista Alice Rahon). Paul Éluard prefaciou duas obras de Valentine, Herbe à la lune (1935) e Dons des féminines (1951). Dons des féminines é composta por 24 poemas e 27 colagens que contam, surrealisticamente, histórias de viagens e de amor entre “Maria Elona y Rubia”: Éluard louvou “os charmes graves” da obra, a “objetividade ingênua” das colagens e “a maravilha erudita da escrita”. Valentine escreveu os poemas em francês e em inglês, o que acrescenta interesse à obra, já que uma versão complementa a outra, às vezes esclarece algo ou traz outras dimensões lexicais, sonoras, imagéticas.






Dons des féminines foi publicado pela Librairie Les Pas Perdus, em Paris, em apenas 50 exemplares numerados, em formato 33,5 x 25,5 cm. Depois disso, houve uma reedição que faz parte do volume Écrits d’une femme surréaliste, organizado por Georgiana Colvile (Éditions Joëlle Losfeld, 2001), que reúne a obra de Valentine Penrose. O volume, porém, mede 15 cm x 22 cm, e isso prejudica a apreciação das colagens, que tiveram suas dimensões reduzidas. Apresento aqui alguns dos poemas em versão trilíngue (com tradução minha do francês para o português) com suas colagens, fazendo votos para que Dons des féminines seja reeditada em solo brasileiro, em francês, inglês e português, com notas acerca das diferenças em cada idioma e no formato original, para que as colagens possam ser devidamente apreciadas.


















Ana Cláudia Romano Ribeiro escreve, pesquisa, desenha, dá aula, performa. Tudo queer.

Publicou o livro de poemas Ave, semente (Editacuja, 2021), a tradução com introdução e notas da utopia francesa A terra austral conhecida (1676) de Gabriel de Foigny (editora da Unicamp, 2011) e coeditou a revista Morus – Utopia e Renascimento. Atualmente está no prelo sua tradução com introdução e notas da Utopia (1516) de Thomas More (editora da UFPR). Traduziu também os aforismos poéticos Poteaux d’angles (Pilares de canto), de Henri Michaux, e, em projeto coletivo, a peça de teatro Le bleu de l’île (O azul da ilha), de Évelyne Trouillot. Ilustrou A princesa que conseguiu virar moça comum e As cinco Franciscas de Deise Abreu Pacheco (inéditos).







A #poesiaqueer faz parte de nosso projeto de curadorias temáticas, onde convidamos escritoras(es), tradutoras(es) e pesquisadoras(es), para indicar e refletir sobre questões do fazer literário em nossos dias. Confira outras das iniciativas em nosso blog!



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