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Ser Prazeres - Transbordações eróticas de mulheres negras, por Carmen Faustino PRETAPALAVRA


Esse é meu primeiro texto para a #PRETAPALAVRA, um espaço de celebração e memória da literatura e da intelectualidade de escritoras negras de todos os tempos e cantos. Eu, Carmen Faustino, entre tantas definições sou uma poeta preta que resiste, uma escritora periférica que, como muitas outras, precisa praticar diariamente o exercício da autodefinição e da autovalorização das próprias escrevivências. Assim como nos ensinam Audre Lorde, bell hooks e outras intelectuais negras, o autoconhecimento e o autocuidado são estratégias valiosas para as mulheres negras contra as armadilhas cisheteropatriarcais cristãs e racistas, que encontramos nesse mundo.


Início então essa parceria, evocando Audre Lorde e o poder erótico que me acende em poesia e gozo e afirmo: Me encontro em Estado de Libido e sigo em construção de um lugar de consciência erótica plena. É tempo de uma nova era de bem viver e cuidado, articulados enquanto estratégias de luta e resistência para mulheres negras, sim, o prazer e o bem viver assumem lugares políticos para as vidas negras.


E como nessa caminhada erótica preta eu não ando só e os passos vêm de longe, trago para essa chegança a potência erótica e provocativa da antologia Ser Prazeres - Transbordações eróticas de mulheres negras, uma coletânea que atiça as reflexões sobre a libido e a subjetividade na escrita de mulheres negras.


Livro disponível em:



Para a realidade, o amor próprio.

E para o resto da vida, o tesão por si.

Para que o gozo tenha seu efeito delirante.

Keila Serruya



Lançada em 2021, pela editora Oralituras, a antologia Ser Prazeres - Transbordações eróticas de mulheres negras enaltece o poder erótico que vibra em poesia e prosa, a anunciação do prazer e desejo de mulheres negras, por si, pela vida e pela(o) outra(o), com tônus e lirismos que subvertem as perspectivas binárias sobre o sexo, os papéis sociais atribuídos às mulheres negras e as normativas de servidão sexual para o consumo patriarcal.


A escrita erótica permite a construção de outros e novos imaginários sobre a sexualidade e o prazer de mulheres negras. São 33 poetas e escritoras pretas cis e trans, de territórios, gerações e vivências diversas, que reorganizam por meio da escrita suas prioridades afetivas, seus orgasmos e desejos de bem viver, contrariando as normas e enaltecendo o poder erótico em suas vidas. Em primeira pessoa, narram transas, transes e tramas, fertilizadas pelas águas em que navegam a sua própria essência.




Se somos 70% líquido

Que minha parte seja:

Suor, saliva e gozo


Luz Ribeiro




A antologia Ser Prazeres - Transbordações eróticas de mulheres negras (brasileiras e estrangeiras) se apresenta em uma edição bilingue (português e inglês), com uma arte gráfica incrível e está disponível no site da Oralituras, uma editora comprometida com a literatura produzida por escritoras mulheres e pessoas não-binárias, negras, indígenas, cis e trans.

Uma mulher preta poetizar o prazer em uma sociedade racista é muita ousadia!



[ Ser Prazeres versão capa em inglês ]




PRETAPALAVRA é uma série de cursos, oficinas, aulas abertas e produção de conteúdo digital, que visa a apresentar textos, poemas e pensamentos de mulheres negras, divulgando a "escrevivência" em seu sentido mais ancestral.






Carmen Faustino é periférica da zona sul de São Paulo morando em Salvador. Poeta, escritora, educadora, pesquisadora e mobilizadora da cultura negra e periférica. Mestranda em estudos sobre mulheres, gênero e feminismo pela UFBA. Autora de "Estado de Libido ou poesias de prazer e cura" (2020). Publica em antologias e revistas desde 2012 e desenvolve projetos de fortalecimento da escrita e literatura de mulheres negras. Assina a co-organização de diversas antologias negras entre elas, "Ser Prazeres - Transbordações eróticas de Mulheres Negras" (2021), "Pilar Futuro Presente - Uma antologia para Tula" (2019), "Sambas Escritos" (2018) e "Pretextos de Mulheres Negras" (2013). É idealizadora e co-fundadora do coletivo Baobá Fortificando as Raízes, integra os coletivos Samba Sampa e Núcleo Mulheres Negras – O amor cura, de vivências e cuidado coletivo entre mulheres negras.












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