Os poemas integram o novo livro de Dirceu, ciência nova, lançado pela editora Laranja Original.
O lançamento do livro em São Paulo, acontece no dia 10/09 (sábado), a partir das 17h, na Livraria da Tarde - R. Cônego Eugênio Leite, 956 - Pinheiros.
Em ciência nova (assim mesmo, com minúsculas, como ele gosta sempre de enfatizar), seu sétimo livro de poesia, Dirceu Villa nos brinda com uma obra que dentre infindáveis enquadres possíveis é, sobretudo, politica. Segundo Valentina Cantori, que assina a orelha do livro:
"Diante de um tempo que "tem dentes e fúria”, de uma época em que solução significa violência e banalidade é linguagem corriqueira, o poeta veste seu escafandro imergindo-se nas águas trevas do mundo, firme e compacto dentro de sua couraça, perceptivo e frágil em seu íntimo. Tomam forma poemas políticos de terror e revolta, mas também versos de amor e peregrinação. Profundamente brasileiro e, ao mesmo tempo, marcadamente cosmopolita, ciência nova estabelece um diálogo entre diversas temporalidades e espacialidades, falando de ciclos incessantes, escandidos por morte e destruição, mas também pela vida que nasce e se metamorfoseia."
trazer a parte treva à tona
trecho do posfácio de Gustavo Silveira Ribeiro
Viagem sem ponto de partida ou chegada certos, na qual o sujeito lança-se ao cerne de uma vida o mais das vezes danificada e consegue, nesse embate, dimensionar a si e ao mundo: os horrores da coisificação e da violência, “osso do dia mecânico e sério” se temperam diante da imensidão da natureza e dos possíveis da música — a prática do poema como um contraponto, um meio (ou uma arte), enfim, de “reflorestar-se”.
É nesse sentido ambíguo, entre a repulsão do mundo e a vontade de o ver e percorrer, que deve ser entendido o desenho de um escafandro que está posto na capa do livro. Vestido com o traje protetor (mas propício à curiosidade e aberto à observação pormenorizada do exterior) o sujeito mergulha nas profundezas e pode, desde aí, conhecer de fato — e enfrentar — a realidade.
[...]
De origem grega, a palavra escafandro pode ser traduzida, numa versão bastante literal, por "homem-barco”: estrutura resguardada e oca, mas viva, capaz de atravessar as águas e resistir a elas. Mistura de corpo e máquina, sensibilidade e técnica, arte e ciência, enfim. Fechado em seu traje, mas voltado para fora pela pequena escotilha, o escafandrista-poeta de ciência nova (como também era, em certo sentido, o cavalheiro de chapéu e máscara anti-gás — uma outra forma de cobertura facial, nova máscara, enfim — que está na capa de couraça [Laranja Original, 2020], livro anterior de Dirceu Villa) quer antes de tudo voltar a ver melhor o mundo, tornando-se pronto a opor-se ao que nele é comércio de afetos e rudeza.
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receita simples para o bem-viver
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Dirceu Villa é poeta, tradutor e ensaísta, autor de 6 livros publicados de poesia, com doutorado em Literaturas de Língua Inglesa pela USP e pós-doutorado em Literatura Brasileira, também pela USP. Colaborou com periódicos estrangeiros e escreveu apresentações para obras de diversos autores contemporâneos. Foi convidado para o PoesieFestival de Berlim em 2012 e em 2015 foi escolhido para residência literária em Norwich e Londres, promovida pelo British Council, a FLIP e o Writers’ Centre Norwich. Sua poesia já foi traduzida para o espanhol, o inglês, o francês, o italiano e o alemão, publicada em antologias e revistas especializadas. Há sete anos é professor da Oficina de Tradução Poética da Casa Guilherme de Almeida (Centro de Estudos de Tradução Literária), e professor do Laboratório de Poemas há três anos n' A Capivara.
*Para conhecer mais detalhes sobre o Laboratório de Poemas, acesse: www.acapivaracultural.com.br/laboratoriodepoemas
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